Brasília / DF - quinta-feira, 02 de maio de 2024

Disfunção Erétil: Quando Consultar um Sexólogo é Necessário?

     Disfunção Erétil: informações aos pacientes

CASAL NO POR DO SOL

 

     Apesar da disfunção erétil ser uma doença mais frequente em homens mais velhos (cerca de 50% dos homens acima de 60 anos apresentam), estima-se que em torno de 7% dos homens abaixo dos 30 anos também apresentem dificuldades de ereção. Disfunção erétil é o termo mais aceito hoje para o que no passado se chamava Impotência.

     O surgimento dos medicamentos facilitadores de ereção (como viagra, cialis, levitra e similares), os chamados inibidores de PDE5, foram uma verdadeira revolução no tratamento dessa doença, com grandes índices de eficácia, tolerância e segurança.

     Esses medicamentos não apenas trouxeram o benefício da sua eficácia, ajudando vários pacientes a recuperarem sua ereção, como agregaram a vantagem de possibilitar que vários homens e casais buscassem ajuda, ou seja, que trouxessem suas queixas e dificuldades aos clínicos. O surgimento da medicação fez com que o assunto da disfunção erétil chegasse aos consultórios médicos e os pacientes se sentissem mais a vontade para trazer suas demandas.

     Se por um lado, a existência de um medicamento eficaz é uma grande vantagem, por outro, seu surgimento levou a uma “banalização” do diagnóstico da disfunção erétil, da avaliação clínica de suas causas e dos inúmeros fatores que podem contribuir para o seu surgimento, manutenção ou agravamento.

     Dessa forma, algumas questões críticas deixam de ser avaliadas por médicos que não atuam na área da sexualidade e se restringem a passar o medicamento sem avaliar os fatores que podem contribuir para que o medicamento não funcione, ou que o paciente não use (apesar de ter recebido a prescrição) ou mesmo abandone o tratamento.  

     Inúmeros fatores podem levar a problemas de ereção, como: colesterol elevado, hipertensão, diabetes, problemas no relacionamento, falta de desejo sexual, ansiedade, depressão, traições, dificuldades financeiras, ansiedade de performance, experiências negativas prévias, expectativas irreais em relação a fisiologia da resposta sexual com o envelhecimento, problemas sexuais na parceira(o) e muitos outros.

     Por esse motivo, ao me questionarem:

     Em que situação homens com problema de ereção devem procurar um sexólogo ou especialista em sexualidade?

     Eu sugeriria a seguinte mudança nesse questionamento:

     Que homens com problema de ereção NÃO necessitam buscar um sexólogo ou especialista em sexualidade?

As seguintes situações dispensariam uma consulta com especialista:

    

     1. Um homem que usa algum medicamento para disfunção erétil (seja oral ou injetável), ou que tenha colocado uma prótese peniana e esteja completamente satisfeito com seu desempenho sexual, qualidade de vida e tenha satisfação conjugal/sexual.

Outro aspecto importante, é que ele não se incomode em usar a medicação, seja continuamente ou quando necessário. Ou seja, um homem que use a medicação e que esteja satisfeito com o resultado. É importante ainda que ele tenha sido informado que existe uma associação entre disfunção erétil e doenças cardíacas e que, em alguns casos, é necessário também uma avaliação em relação à saúde cardiovascular.

     2. Outro caso que dispensaria a consulta com um especialista, é o paciente que tem disfunção erétil e desistiu da vida sexual, como alguns dizem “pendurei as chuteiras”. Apesar dos conhecidos benefícios que uma vida sexual satisfatória traz para a saúde psíquica e conjugal, o paciente que decide abrir mão da sua vida sexual e encontra-se bem e em comum acordo com sua parceira (caso possua), deve ter sua decisão respeitada! Ou seja, nenhum profissional deve impor um tratamento a um paciente que decidiu abdicar da vida sexual e que não deseja se submeter a nenhum tratamento, seja medicamentoso, cirúrgico ou técnicas de readaptação da vida sexual (apesar da ausência da ereção).

     Situações diferentes das acima citadas sempre se beneficiarão de uma consulta com especialista, seja através de apenas uma consulta de orientação, poucas consultas que envolvam a parceira e abordem as dificuldades (comunicação, repertório sexual muito restrito, informações sobre a sexualidade feminina e formas de dar e receber prazer sem ereção/ penetração), ou mesmo terapia sexual breve (até no máximo 15 consultas).

     A medicação oral revolucionou o tratamento da disfunção erétil, mas uma abordagem que envolva o homem, a parceira (o) e o casal de forma integral; com ênfase no relacionamento e nas questões psicológicas e angústias, contribue para uma melhor resposta ao tratamento.