Brasília / DF - quinta-feira, 02 de maio de 2024

Câncer de Mama e Sexualidade

    Vida sexual da mulher com Câncer de Mama - informações às pacientes


    

     A vivência da sexualidade é um dos aspectos mais complexos para a mulher que enfrenta um câncer de mama. 


     A mulher com câncer de mama se depara com vários desafios, desde os físicos, como: ressecamento vaginal, ondas de calor, cansaço, ganho de peso pela quimioterapia e dor (na mama e no braço do lado comprometido), até o comprometimento psicológico causado pelas mudanças corporais e de auto-imagem devido à perda da mama (com impactos variáveis de mulher para mulher, dependendo do quanto ela valoriza e associa a mama à feminilidade e à vivência da sexualidade), perda do cabelo (se fez quimioterapia) e cicatriz cirúrgica.


     Apesar das dificuldades enfrentadas pela mulher nessa jornada, o maior preditor da qualidade da vida sexual após o término do tratamento de um câncer é a qualidade da relação afetiva antes do câncer.


     Por esse motivo, podemos dizer que os desafios para a sexualidade ocorrem em duas etapas: durante o tratamento e após o mesmo (que pode variar de um ano após o diagnóstico ao resto da vida do casal).


      O câncer de mama modifica a vida do casal e esse impacto não necessariamente é completamente negativo, em alguns momentos é uma oportunidade do casal aumentar sua vinculação afetiva e viver a sexualidade de outra forma, com mais intimidade, melhor comunicação e maior companheirismo.


     Muito pode ser feito em todas as etapas em prol de uma sexualidade melhor: desde uso de lubrificantes, cremes hormonais de efeito local e sem absorção sistêmica (e, portanto, sem risco para o câncer), até fisioterapia (tanto para o membro superior, quanto do assoalho pélvico), acompanhamento psicológico e ampliação do repertório sexual (ajuste ou adaptação sexual a nova realidade, que não necessariamente precisa ser pior que antes da doença). O surgimento de um novo NORMAL na vivência da sexualidade!


     Algumas dicas em prol da sexualidade plena passam pelo aumento da vinculação afetiva. A visão de que apenas a melhora de aspectos físicos são suficientes para a melhora da sexualidade (como tratamento dos calorões e ressecamento vaginal) está ultrapassada. A mulher é muito mais do que apenas “a vagina” ela precisa ser entendida em todos os seus aspectos: físicos, emocionais, conjugais e sociais.


     Pontos importantes para melhora da relação afetiva e sexual:

  • ·         Aceite a ideia que a vida sexual se modifica! Não necessariamente mudará para pior! Pode ser uma oportunidade de modificar a forma de vivê-la, pode ser mais plena, com mais intimidade e mais flexibilidade. Um novo NORMAL!

  • ·         Não tente resolver tudo sozinha e racionalmente, ser vulnerável, pedir ajuda, não é um sinal de fraqueza, é uma forma de se vincular a pessoas significativas da sua vida. Invista nas redes sociais: companheiro(a), amigos, família, profissionais de saúde e grupos de pessoas que vivenciam o mesmo problema.

  • ·         Tire todas as dúvidas, busque informações, saber as mudanças que ocorrerão no corpo e na vida sexual e envolver o parceiro(a) nesse conhecimento, ajuda a percorrer sua jornada de forma mais leve e sem fatos inesperados. A antecipação das etapas diminui o estresse.

  • ·         Existe um arsenal terapêutico a seu favor: lubrificantes (a base de água e silicone), cremes de hormônios (seguros e sem absorção sistêmica), fisioterapeutas, psicólogos, grupos de apoio e enfrentamento, informações sobre anatomia e fisiologia da resposta sexual e uso de objetos que melhoram o prazer como vibradores do tipo bullet.

  • ·         Invista na sua saúde mental! A depressão e ansiedade são importantes fontes de problemas sexuais e baixa de libido, a forma de investir na saúde mental é variável de mulher para mulher, algumas se apegam a fé e a religião, outras buscam um tratamento psicoterápico e/ou psiquiátrico (se necessário), prática de esportes, mindfulness, trabalhos voluntários e vários outros. Reassumir as atividades prévias a doença assim que possível, seja trabalho ou eventos sociais, pode ser benéfico.

  • ·         Olhe para seu parceiro(a)! Nem sempre eles têm estrutura emocional para enfrentar o problema e, às vezes, também precisam de ajuda.

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           Algumas regras de ouro para melhorar a relação afetiva: preste atenção no outro, demonstre gratidão (elogie), respeite as diferenças, priorize o tempo que passam juntos, expresse amor em coisas simples.

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         Lembre-se que você não é o câncer, mas ele faz parte da sua jornada!


         Faça boas escolhas para essa jornada!